sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Poema de Thiago Bittencourt

ESCÓLIOS DE ARESTA


Escolhi guiar-me por meu coração
Não por meu estômago,
E deixei o pensar para cabeça
E o sorrir para os olhos
As desconfianças d’alma trouxe
Para os martelos do ouvido,
Na esperança fugidia de ouvi-las.
Soa meu coração, soa como sino
E esquece a hora dos ponteiros
Desperta o ímpeto que adormece
Consoante muda a liqüefazer-se
Entre os lábios suaves da vagina.
Com um toque áspero e furtivo
da língua sobre os mamilos.
Instante fecundo a transbordar
Engendrando filhos e filhas


Escolhi guiar-me por meu coração
E não por qualquer outro instinto
Capaz de comandar sozinho
A falange inumerável de sentidos.
E deixei a razão sobre a mesa
Coberta de poeira e pergaminhos
Na esperança de perder-me de tudo.
Meu deus, meu coração, meu deus!
E esse amor que me requeima?
Esse desespero vazio que consome a alma? 
Eis o sentimento da chuva
Tocando derradeira o tesouro da pele
Galope que sobe ladeira
Gente de aboio e tocador de boiada
Momento infinito do acalanto
Quando o sol se põe no horizonte da estrada.
                                                  
 
Grita coração, grita!
Que já não pode ficar calado
Explode em uníssono som de desvario,
Urro de primata
Grita coração, grita!


Profere o que o desejo inflama
Abrasa o que antes dormia
Consome o vazio do tempo
E escande os versos da chuva
Assobia no contratempo do vento
E prorrompe o dia com sortilégios

Coração, grita, coração, grita
Feito escólios de aresta
Incertos, tresloucados
Sem sentido

(Poema de Thiago de Souza Bittencourt Rodrigues)

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